sábado, 29 de novembro de 2008

Deserto...

Ás vezes no silêncio da noite
Eu ponho-me a pensar
Se algum dia eu me vou encontrar
Por trás de tanta máscara
dor, desilusao e medos
Serei eu, ou um enigma.

Perdida neste deserto de mim
Sem eira nem beira
Chorando sonhos perdidos
Amores esquecidos
Histórias passadas
Com saudade da chuva
Neste deserto de sol
Com saudade da terra
Entre estes grãos de areia.

Sol, terra, areia, chuva
Elementos do mundo
Elementos de mim.

Aqui neste deserto sem fim
Reunida com mim mesma
Reflicto no fim
Se me vou encontar aqui
Ou se serei enfim
Apenas mais um grão de areia
Que encontra aqui
O seu lugar
Neste horizonte sem fim.


“O mundo é comum a todos e, ao mesmo tempo, é o nosso próprio mundo, o mundo de nossa vivência pessoal, específica, única, irrepetível, na medida em que cada um de nós vive uma história pessoal, ao mesmo tempo que vive a história com todos os outros homens, da qual faz parte e na qual se identifica”

Severino Antonio Barbosa

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Vão da escada

Trazes-me sorrisos
Sonhos, arco-íris de cores
Quando sonho contigo
É como estar ai de novo
Olhando o mesmo céu
Respirando o mesmo ar
Sentindo o mesmo toque
Aquele toque único, só teu
Só meu, que me entregaste
Naquele momento sentados no vão da escada
Onde o meu coração foi teu
Onde me mostrei a ti de verdade
Consegui abir as asas e voltar a voar
Só porque me levaste a falar
Daquilo que sinto cá dentro
Sentindo tristezas minhas
Sonhei alegrias conjuntas
Dentro desta alma vazia
Caminhado sob as nuvens macias
Relembrando a voz dos anjos
Relembrando a asa partida e a flecha ferida
Dessa Guerra interior de mim com mim mesma
Saí vitoriosa em glória de penas
Penas vividas, sentidas neste terreno de luta
Lutas, lutando por mim e por um novo amanhecer
Em que não se vejam as nuvens
Nem o amanhecer seja vermelho
Revelando o sangue derramado
Neste desterro
Longe de tudo e onde encontrei a cura
desta alma quebrada
Ali no vão da escada
Encontrei-me de novo
Restituiste-me a minha alma.

domingo, 23 de novembro de 2008

Sapatos de Corda

Farta de estar à espera
Levantei-me e caminhei
O caminho seguia em frente
A estrada era sinuosa
Curvas e curvas toldavam o meu horizonte
Caminhei.
Sem saber qual a direcção a seguir
Fui dando passos sem norte
Guiando-me apenas pelos sapatos de corda
Encontrados numa berma da estrada.
Os sapatos estavam apertados
As solas já estavam gastas
Oa cordões desfiados pelo tempo e uso
Caminhei.
Após cada curva um novo mundo me surgia
Vi-me como quando era em pequena
Quando brincava com as bonecas
E era feliz na inocência da ignorância
Do mundo, da realidade, da crueldade da vida
Continuei caminhando
Pensando o quanto já fui despreocupada
Brincando sem medo de esfolar os joelhos
Sem medo de estragar os sapatos novos
E agora encontrei uns sapatos de corda
Usados, cansados pelo tempo
Penso que já terão sido usados
Por muitos pés perdidos, esquecidos do seu caminho
Agora encontraram-me a mim
Levando-me a percorrer caminhos idos
Relembrando tempos perdidos
Sonhos esquecidos
Memórias escondidas.
Os meus sapatos de corda
deram-me um novo Norte
O de não ter rumo a seguir
Caminhando por entre as pedras do chão
Sem ter de saber onde os sapatos me levarão
Acreditando apenas num mundo sem direcção.
Caminharei.

domingo, 16 de novembro de 2008




Não aguento mais

Sinto-me revoltada com tudo isto...
Com a vida, com Deus, comigo

Cansada de tantas nuvens negras

Cansada das más noticias

Cansada de chorar

De perder aqules que mais amo

De perder os que me fazem sorrir

Mesmo quando estou triste

As lágrimas até ja custam a cair

Os olhos começam a secar

O coração a acostumar

A enfrentar a dor

A esperança morre aos poucos

O mundo deixa de ter o mesmo brilho

O conto de fadas perde o encanto

E estamos a viver não o sonho

Mas a época negra, o pesadelo.

A dor torna-se a nossa companheira

O silêncio e o desânimo os nossos passos

Caminhamos lado a lado com a tristeza

As lágrimas caem-me pelo rosto

Conhecendo já de cor o seu caminho

Questiono-me a mim mesma

Como ainda tenho gotas de tristeza

Queria poder mudar tudo

Mudar os sentimentos de culpa, impotência

Queria resgatar de novo a alegria de os ter aqui

Os momentos partilhados, as brincadeiras, os sorrisos trocados...

Queria voltar a ver que a vida pode ter uma hipótese

Que o sol pode voltar a brilhar e as estrelas a noite alumiar

Acreditar que a sombra se vai levantar

E que a luz vai finalmente brilhar.


quinta-feira, 13 de novembro de 2008

"I Believe In Love" - Barlow Girl

How long will my prayers seem unanswered?
Is there still faith in me to reach the end?
I'm feeling doubt I'm losing faith
But giving up would cost me everything
So I'll stand in the pain and silence
And I'll speak to the dark night
I believe in the sun even when it's not shining
I believe in love even when I don't feel it
And I believe in God even when He is silent
And I, I believe
Though I can't see my stories ending
That doesn't mean the dark night has no end
It's only here that I find faith
And learn to trust the one who writes my days
So I'll stand in the pain and silence
And I'll speak to the dark night
I believe in the sun even when it's not shining
I believe in love even when I don't feel it
And I believe in God even when He is silent
And I, I believe
No dark can consume Light
No death greater than this life
We are not forgotten
Hope is found when we say
Even when He is silent
I believe in the sun even when it's not shining
I believe in love even when I don't feel it
And I believe in God even when He is silent
And I, I believe.

Nau


Sem vontade de olhar
Abri os olhos
Olhei sem saber onde estava
Fechei como medo de encontrar
O local na qual me encontrava
A sombra que de mim se abatia
Cansada de tanto esperar
Sentei-me a beira-mar
Jogando pedras ao mar
Jogando fora pedaços de alma
Deitando fora pedaços de dor
Chorando lágrimas de saudade
Do tempo das naus aportadas
Dos sons do mar trazidos
Dos cânticos das sereias
Saudades de um tempo passado
Esperando-te avistar
Na proa dessa nau
Que para o mar te levava
E de mim afastava
A nau que para a morte te levou
E de mim te roubou.
Aqui sentada a beira mar
Perdendo pedaços de alma
Juro nunca mais deixar
Outra nau te levar.

terça-feira, 11 de novembro de 2008

A ti...Ana Isa

Sem palavras para te descrever
Apenas sei o que me deixas ver
Olhar de menina travessa
Coração de mulher serena.

Contigo aprendi a rir e a chorar
Contigo tantos momentos que nem os sei contar
Horas passadas a conversar, sonhos partilhados
Sentadas, de quatro ou no chão
Amigas sempre juntas nesta ilusão.

Rir é o que mais me lembra de ti
Sempre bem disposta e sorridente
Tens sido a minha amiga mais presente
Junto de mim nas horas más
Naquelas em que choro
De dor, saudades ou amor.

Ver-te partir vai trazer-me dor
Deixar-te ir vai dar-me orgulho
Nem tempo nem espaço nos separarão
Tu estarás sempre no meu coração.

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Boneca de Porcelana


Sou apenas mais uma

sentada nesta montra antiga

Esperando que chegue o meu dia

o meu tempo de liberdade.


O cabelo contínua arranjado

o branco da minha tez polido

mas o azul dos meus olhos

já está baço de tantas lágrimas.

Choro porque continuo aqui

Choro porque não chegas aqui

Choro porque quero fugir daqui

Quero ver o mundo lá fora

Quero que brinquem comigo.


Quando chegar o meu dia

Quero que brinques comigo sem medo

Sem medo de me estragares

Partires, sujares ou rachares.

Boneca de porcelana eu sou

Mas mulher também

Que deseja ser amada

Sem que exista o medo

De me deixar cair ao chão

Partindo em pedaços o meu coração

Restando pedaços de porcelana

Restando apenas pedaços de sonhos

Perdidos no vazio, espalhados pelo chão.


Aqui nesta montra espero eu

Olhando o vazio lá fora

Esperando pelo dia

Esperando pela salvação.

domingo, 9 de novembro de 2008

Gostava de poder pintar as cores do meu mundo e da minha vida, como se de um quadro se tratasse. Mudar as cores consoante aquilo que sinto e me vai na alma. Pintar de amarelo os dias em que me fazem sorrir e pensar que até apenas um momento num café pode tornar o dia mais brilhante e fazer com que este valha a pena. Colorir de negro os dias em que me magoam, me fazem crer que a vida não vale a pena e que sou apenas mais um corpo andante neste mundo.
Queria mudar as cores da forma como vou sentindo e me vou descobrindo. Os bons e simples momentos da vida seriam das cores mais bem pintadas e brilhantes de todo o meu quadro. São momentos como o simples trocar de sorrisos cumplices ou o conhecer de uma pessoa banal mas com um lado muito especial.
De que cor é a vida? Posso pintá-la da forma que quiser?Será um quadro ou um mata borrão numa folha de papel?
São questões que nos assaltam a mente e os corações... desejando puder pintar o nosso mundo de acordo com a nossa razão e o nosso coração, sem saber onde estas pinceladas nos conduzirão, sem saber onde acabaremos no final de tanta inspiração, emoção, desilusão e entrega. Será que seremos um quadro pendurado no céu estrelado, ou um pedaço de papel no chão amarrotado.

Voltar...

Triste por tudo o que tenho
Por aquilo que não tenho mas desejo
Desejo aquilo que não tenho
Procuro aquilo que sonho
Entre estas pedras do chão,
Entre estes sonhos perdidos,
Palavras ouvidas e cantadas.

Aqui neste mundo só meu
Sou eu sem nada
Com medos.
Medo de sair
Medo de voltar a amar
Medo de me entregar
E nunca mais conseguir superar.
Medo de voltar a deixar entrar
O mundo em mim.

Quero voltar a acreditar
Que o mundo pode ser mágico
Que se pode voltar a amar
Sem medo de dar a mão
E alguém a soltar.
Quero acreditar que os dias vão melhorar
Que serei capaz de voltar
A construir castelos no ar.
Quero voltar a viver
Sem medo de sorrir
Com vontade de seguir
O caminho do sonho
Encontrando no fim do arco-iris
O mais belo dos poemas de amor
Sobre mim, sobre ti, sobre a vida.
Quero lê-lo sentada aqui
Nestas escadas de pedra
Vendo o dia nascer
E o sol me envolver.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

Ludibriada...


Ama aquilo que sentes

Não ames aquilo que vês

Pois o que vês atraiçoa

O que sentes magoa.


O sentir é verdadeiro

O ver apenas passa sorrateiro

Fugindo da verdade

Criando ilusão

Ludibriando a realidade

Enganando sem razão.


Sentindo e vivendo

Sem sentir não há vida

Sinto aquilo que quero

Aquilo que me obrigas

Sentindo sou verdade

Sofro sem crueldade

Da traição mentirosa

Dos olhos que enganam

Mentem, iludem.


Visão deturpada

A ti me levou

Sentindo amor

Esqueci-me de sentir a dor

Destes olhos enganados

Por ti ludibriados

Pensando que era amor.