sábado, 27 de dezembro de 2008

Baloiço


Ele chorava o que acontecera
Culpava-se pelo momento em que a sua base cedera
Era forte mas com ela tinha quebrado.
O seu choro de tristeza ecoava
No quarto como um trovão
Perguntava a si próprio
Como podiam ter cedido as suas correntes
Como podia o seu assento ter-se partido
Agora mais do que ele despedaçado
Estava o coração dela magoado.
Queria mudar o momento em que tudo acontecera
Lembrava-se dos momentos passados com ela
O cabelo dela ao vento e o riso sincero enquanto atingia o ar
A forma como nele se sentava após uma discussão
Como as suas lágrimas escorriam pela cara
Voando com força
Esquecia os problemas
Os motivos da discussão
E naquele momento eram só eles
Alcançando as estrelas
Atingindo o firmamento.
O choro parou
O seu coração de novo se alegrou
A dor que lhe infligira já tinha começado a sarar
Em breve ela estaria de novo nele a balouçar
Só teria de esperar
Que do chão os seus pedaços fossem recolhidos
E o seu coração e voo restabelecido.

terça-feira, 23 de dezembro de 2008

Tenho andado tão atarefada, tão cheia de trabalhos,preocupações, saídas, etc que os meus cantinhos têm sido negligenciados mas nunca esquecidos. A confusao dos ultimos tempos tem sido muita: stress, frequencias, saidas, trabalhos, compras, etc.... E sem dar conta já chegou o Natal! Fogo o tempo tem passado a correr e os anos cada vez passam mais rápido e a vida tende a fugir-nos entre os dedos tal qual areia fina. A juntar a isto tambem estou quase a completar 22 anos de existencia! Nem consigo acreditat ao pensar nisso...é realmente muito tempo nesta minha pequena participaçao no teatro da vida e muito pouco tempo na companhia de todos os que amo.
Entre estes muitos momentos de azafama dos meus ultimos dias e em mais uma das minhas tentativas de conseguir manter organizada a minhassecretária (ou pelo menos segui o conceito comum de organização) descobri o meu primeiro livro de poesia e que me recorda a primeira vez que mostrei o que escrevia de poemas. Devia ter uns 8 anos, andava na escola primária e a minha professora uma alma caridosa que me aturava e que nos incutia o gosto pela literatura quer fosse em termos de leitura quer em termos de escrita, propocionou-nos alguns encontros o o Sr. José António Franco e nos levou a conhecer o gosto pela poesia e por os textos deste. O livro já está muito velhote, a cor a desbostar be aamrelar pelo passar dos anos e pelo uso. Guardo-o com um carinho especial e leio com ternura e hoje como voto de incentivo e lição de vida a dedicatória feita. Relembra o meu primeiro contacto "oficial" com alguem que gostava tanto de poesia como eu. Aqui deixo transcrito um dos poemas que compõem o livro "Pedra Fecunda" e por a qual me apaixonei desde menina e o qual me fascina desde então:

" esmagar o poema até ao sexo das palavras
falemos antes da incadescencia dos sons
dos sorrisos secretos em carne enigmatica
da pureza insubmissa do absurdo
do futuro incompleto e distante
dos fantasmas das cavernas do desespero
da inocencia dos animais piedosos
do fervor das noites que se desfazem
do arrebatamento da locura indiferente
da cortesia fácil da paisagem
da nausea do sonho
da causalidade da inconsistência
das substancias dos poder
dos excrementos da paixao
das putas que pariram os ditadores
merda merda
a exaltaçao dos calhaus que chocalham
nas silabas metaforicas dos meus olhos
sao a torrente de lava que o horizonte
derrama
quando o poema irrompe"

domingo, 7 de dezembro de 2008

Tempestade


Nos dias de chuva
Sento-me à janela
Vejo bater as gotas na vidraça
Perdendo-se em cada batidela.

O vento uiva lá fora
Arrasta as folhas pelo chão
Abana os ramos das árvores
Ecoando como uma canção.

As nuvens de cinza pintadas
Invadem o céu logo pela manhã
Enublando mais um dia
Escurecendo esta alma minha.

Sentada no banco junto à janela
Tento escrever palavras com rumo
Mas saem-me apenas riscos sem contorno
Gotas de tinta sem cor.

Vejo os pássaros que voam
Fogem do frio, dirigem-se aos ninhos
Lá esperam os outros
Na esperança de uma refeição
Colocando expectativas
Nesse pequeno tentilhão
Que foge do trovão.

Trovões ecoam no céu
O dia escuro torna-se brilhante
Raios descem pelos céus
Alguns rezam para que sejam sinais de esperança
Outros dão alegria por mais uma época de bonança.

A tempestade invade o céu
Fogo, Terra, Água, Ar
Unem-se nesta dança sem par
O mundo depende da sua união
Mas anseia a sua separação
Com medo que estes se amem de mais
E quebrem o coração no desenlace dessa união.

Olho pela janela
O sol engana as nuvens e espreita no meio da escuridão
A chuva cessou a sua caminhada
O vento calou a sua canção
Os trovões silenciaram o seu grito
Apenas eu continuou no banco junto a janela
A ver o tentilhão
A escutar o meu coração…
Numa dessas minhas incurssões ao mundo da música em que ouço e leio as letras que nos cantam descobri uma música que me agradou bastante. Chama-se Breath de Anna Nalick e ao ler a letra que compõe a canção encontrei uma parte que transcreve um pouco do que sinto e penso de mim e das palavras que escrevo e mostro aqui a todo o mundo. Fica aqui o excerto em que me revejo:

"2 AM and I'm still awake, writing a song
If I get it all down on paper, it's no longer inside of me,
Threatening the life it belongs to
And I feel like I'm naked in front of the crowd
Cause these words are my diary, screaming out loud
And I know that you'll use them, however you want to"

sábado, 6 de dezembro de 2008

Escuridão

Sem tempo de volta atrás
Fechei a porta
Tranquei as janelas
Corri as cortinas.
Sentei-me no chão
Abracei as pernas
Baixei a cabeça
Chorei.

Abri os olhos
Escuridão total envolvia-me
Pensei em acender a luz
Mas isso iria ferir
Não os meus olhos
Mas o meu coração.
Lá agora so existe sombra
Penumbra
A luz iria feri-lo com o seu brilho.

Preciso de abrir as cortinas que cobrem o meu coração
Compreender o significado deste apagão
Sentir o porquê desta escuridão
Sem esquecer de iluminar o meu ser.

Soltar em mim
Um universo de estrelas
Fazer explodir um cometa
Liquidar esta sombra com
Mil fogos de artificio.

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

Diz Não


Diz Não
Larga-lhe a mão
Caminha noutra direcção
Procura a luz
No fundo do túnel.

Diz Não
Pára de encobrir as marcas
Esquece as palavras de amor
Não ouças o que te diz
Não...Não foi por amor que te fez isso
O amor não marca o corpo dessa forma.

Diz Não
Solta-te dessas correntes que te prendem
És forte
Corta essas cordas com que controla o que és.

Diz Não
Olha-te ao espelho e vê o que realmente és
Deixa para trás as horas de humilhação
Os parceiros perdidos nessa imensidão das noites.

Grita, Basta!
Grita, Não!
Revolta-te e luta por ti própria
Ama o que és, foste e serás
Não tenhas vergonha
Os sonhos não estão perdidos
A luz ainda pode brilhar.

Dá-me a mão
Com força seremos capazes
De te puxar
Não...Não te vou largar
Quero-te aqui neste lugar
Aqui há luz e conseguirás ver
Que ainda não é tarde
Que não estas sozinha
Eu estou aqui
E não vou largar a tua mão.