Farta de estar à espera
Levantei-me e caminhei
O caminho seguia em frente
A estrada era sinuosa
Curvas e curvas toldavam o meu horizonte
Caminhei.
Sem saber qual a direcção a seguir
Fui dando passos sem norte
Guiando-me apenas pelos sapatos de corda
Encontrados numa berma da estrada.
Os sapatos estavam apertados
As solas já estavam gastas
Oa cordões desfiados pelo tempo e uso
Caminhei.
Após cada curva um novo mundo me surgia
Vi-me como quando era em pequena
Quando brincava com as bonecas
E era feliz na inocência da ignorância
Do mundo, da realidade, da crueldade da vida
Continuei caminhando
Pensando o quanto já fui despreocupada
Brincando sem medo de esfolar os joelhos
Sem medo de estragar os sapatos novos
E agora encontrei uns sapatos de corda
Usados, cansados pelo tempo
Penso que já terão sido usados
Por muitos pés perdidos, esquecidos do seu caminho
Agora encontraram-me a mim
Levando-me a percorrer caminhos idos
Relembrando tempos perdidos
Sonhos esquecidos
Memórias escondidas.
Os meus sapatos de corda
deram-me um novo Norte
O de não ter rumo a seguir
Caminhando por entre as pedras do chão
Sem ter de saber onde os sapatos me levarão
Acreditando apenas num mundo sem direcção.
Caminharei.
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