domingo, 7 de dezembro de 2008

Tempestade


Nos dias de chuva
Sento-me à janela
Vejo bater as gotas na vidraça
Perdendo-se em cada batidela.

O vento uiva lá fora
Arrasta as folhas pelo chão
Abana os ramos das árvores
Ecoando como uma canção.

As nuvens de cinza pintadas
Invadem o céu logo pela manhã
Enublando mais um dia
Escurecendo esta alma minha.

Sentada no banco junto à janela
Tento escrever palavras com rumo
Mas saem-me apenas riscos sem contorno
Gotas de tinta sem cor.

Vejo os pássaros que voam
Fogem do frio, dirigem-se aos ninhos
Lá esperam os outros
Na esperança de uma refeição
Colocando expectativas
Nesse pequeno tentilhão
Que foge do trovão.

Trovões ecoam no céu
O dia escuro torna-se brilhante
Raios descem pelos céus
Alguns rezam para que sejam sinais de esperança
Outros dão alegria por mais uma época de bonança.

A tempestade invade o céu
Fogo, Terra, Água, Ar
Unem-se nesta dança sem par
O mundo depende da sua união
Mas anseia a sua separação
Com medo que estes se amem de mais
E quebrem o coração no desenlace dessa união.

Olho pela janela
O sol engana as nuvens e espreita no meio da escuridão
A chuva cessou a sua caminhada
O vento calou a sua canção
Os trovões silenciaram o seu grito
Apenas eu continuou no banco junto a janela
A ver o tentilhão
A escutar o meu coração…

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